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Saúde e manutenção de instrumentos musicais - Parte 3

Foto do escritor: Araken BustoAraken Busto

Atualizado: 19 de jun. de 2022








Fungos e bactérias

Muita gente não sabe, mas existem fungos e bactérias que são muito comuns encontrar em instrumentos musicais de sopro que não recebem manutenção, principalmente em instrumentos compartilhados entre várias pessoas.


A proliferação de bactérias e fungos dentro dos instrumentos musicais ocorrem devido as características internas do tubo do instrumento, que são: úmidas; porque os músicos raramente secam bem o instrumento; ausência de luz dentro da tubulação e por último, porque depois de tocar, o instrumento está relativamente quente com uma temperatura ambiente e o músico guarda imediatamente o instrumento dentro do estojo, que é na sua grande maioria semitérmicos.


Nestas condições, estes seres podem se manter por até dois dias dentro da tubulação do instrumento e ainda que os músicos de instrumentos de sopro madeira pensem que os instrumentos de metal são os mais propícios para este fungo, as palhetas dos instrumentos são um local de extrema incidência para encontrar tais fungos.


Além destes fungos, alguns vírus podem manter-se por ainda mais tempo, tais como, o COVID -19, que em contato com o metal podendo manter-se ativo por aproximadamente 4 dias e em instrumentos de madeira por 6 dias.


Por estes motivos sempre lembramos que os instrumentos de sopro devem ser de uso pessoal e que em caso de compartilhar, uma higienização muito bem feita deve ser efetuada.


Outro ponto importante que tenho visto são os almoxarifados ou depósitos de instrumentos. Na grande maioria dos casos, não são apropriados para armazenar estes instrumentos e tampouco, climatizá-los para tal objetivo.


O nível de umidade baixa deveria ser mantido para dificultar a proliferação de fungos e bactérias, bem como conservar o patrimônio das instituições.

Deve haver um profissional preparado para receber os instrumentos, secar e lubrificar antes do armazenamento final.


Óleos sintéticos de boa qualidade evitam a proliferação de fungos e bactérias dentro do instrumento, além de impedir o travamento das partes por calcificação da saliva e oxidação do metal devido a umidade interna dos tubos.

As graxas sintéticas também ajudam neste trabalho e garantem que na próxima utilização o instrumento estará com funcionamento perfeito para uso.


Se essas regras forem observadas, certamente a durabilidade do instrumento se prolongará por muitos anos, além de manter toda sua capacidade vibracional.


A formação de um profissional para este posto de trabalho não é complicada, principalmente porque muitas pessoas pensam de que o fato de ter um livro ou um documento que descreve procedimentos ou processos, que será o suficiente para executar uma determinada tarefa com destreza, más na prática funciona diferente.


O segredo do "Saber"


Em minha opinião e experiência, existe uma importante diferença entre INFORMAÇÃO e FORMAÇÃO, muitos podem achar que é exatamente o mesmo mas em verdade um completa o outro.

Na informação, temos muitos materiais disponíveis tais como livros, métodos, manuais, vídeos, dentre outros, porém essa informação não é o suficiente para garantir um bom desempenho para o profissional, é necessário um acompanhamento e saber em que nível de absorção de conhecimento o aluno está.

De acordo com a Taxonomia de Bloom, que é o procedimento de medir e analisar o aprendizado de um indivíduo, existem vários níveis de aprendizado e este níveis são hierárquicos ou seja, não se pode aceder a um nível superior sem dominar o nível inferior, estes diferente níveis estão ajustados à capacidades, qualidades, condições de acesso a informação, metodologia e outro que estarão classificados a partir de domínios Cognitivos, afetivos e psicomotor.

Desta forma, ter acesso a um livro ou material escrito, pode apenas interatuar com a capacidade que o individuo tem de “Lembrar” de uma determina informação lida ou vista em um vídeo, isto não significa que o indivíduo compreendeu o processo.


Da mesma forma, após ler um material e compreendê-lo, é necessário aprender a aplicar este processo de forma efetiva e sistemática.


O próximo passo seria de ter a capacidade de analisar os resultados obtidos e em seguida ter a condição de avaliar tais resultados.

Somente então este individuo poderá ter a condição de criar um processo e adaptá-lo a sua realidade.


Como vemos, o processo de aprendizagem é mais complexo do que a grande maiorias das pessoas pensam e que, com o acesso a uma grande quantidade de informação disponível nos dias atuais, muitos profissionais se perdem pelo caminho por não conseguir atingir resultados de alto nível, por falta de orientação ou formação.

A formação é tão importante quanto a informação porque proporciona a um indivíduo, a capacidade de utilizar a informação obtida, de forma efetiva.

Dentro da área técnica de instrumentos musicais, existem vários conceitos errôneos que degradam tanto a profissão de técnico como também a própria musica em si, isto porque um mal técnico ou um mal profissional de armazenagem de instrumentos, impedirá que tais instrumentos funcionem em sua ampla totalidade de qualidade e consequentemente o músico não conseguirá se desenvolver ao máximo de seu potencial.

No passado, os técnicos aprendiam com instrumentos dos próprios clientes e com a teoria de erro e acerto, neste sistema, quem paga a conta e assume o prejuízo de um trabalho de má qualidade executado é sempre é o músico ou cliente final.

Vejo constantemente pessoas postando vídeo do tipo “faça você mesmo” onde indicam procedimentos quase suicidas para os internautas, tais como colocar o saxofone montado dentro de um tanque e lavar com detergente e depois secar, sem considerar nenhum protocolo ou processo.

Como sempre diz meu professor espanhol Emílio Martínez, “A ignorância é atrevida” e pela ignorância no assunto, muitos músicos indicam processos que mais danificam o instrumento do que ajudam.

Neste caso em específico, as sapatilhas do instrumento são completamente danificadas, os eixos oxidam fazendo com que o mecanismo não funcione e danificando toda a estrutura do instrumento, os calços e feltros começam a cair e infelizmente o prejuízo é garantido para os que se aventuram a seguir tais tutoriais.


Por isto tanto os técnicos como músicos, devem estar atentos à fonte de informação e saber qual formação possui a pessoa que fornece o material, seja escrito ou em vídeo, desta forma evitará entrar em situações complicadas que em muitos casos culmina com a perda total do instrumento.

Quando escrevi o Caderno de Manutenção do Projeto Sopro Novo Yamaha, pensei em criar um material de informação que pudesse ser utilizado em um processo de formação profissional e realizei diversos workshop no Brasil.


Depois disto, tive a oportunidade de estar em contato com diversos casos de pessoas com conhecimento técnico, que adquiriram o livro e nem sequer havia lido o material, outros que haviam lido, porém não conseguiram compreender ou aplicar as informações que há no caderno, más também tive contato com pessoas que depois de ler o material me pediram apoio para essa compreensão mais profunda e conhecer como aplicar a metodologia ali proposta e hoje possuem um excelente nível de aplicação das técnicas abordadas.

Para dar continuidade ao meu trabalho no Brasil, estou desenvolvendo uma Mentoria para auxiliar as instituições que necessitam deste suporte. A Mentoria está dividida em dois pontos:


Informação e Formação


Informação: porque já tenho um caderno de manutenção escrito onde explicamos todos os processos de manutenção dos instrumentos de uma banda. Com a mentoria e com este material didático, podemos tirar dúvidas e esclarecer o conteúdo de forma bem didática.


Formação: é o processo de aplicação das informações levadas para o campo prático. É o acompanhamento do profissional durante uma jornada de trabalho, eliminando suas dúvidas. Além disso, acompanhá-lo durante o processo de adequação do espaço de manutenção dos instrumentos, visando garantir a eficácia do trabalho.


Um profissional bem treinado pode diagnosticar os músicos com maior incidência de instrumentos em más condições e tomar uma atitude correta e positiva para corrigir o erro, somar para a instituição e para o corpo musical.

Em breve disponibilizarei mais informações sobre estas mentorias.



Espero que este texto tenha sido de grande valia para todos e nos vemos no nosso próximo post.


Araken Busto

 
 
 

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