O SUFOCO

Passei meu primeiro sufoco internacional e aprendi a lição, quando viajar tenha tudo muito bem planejado e assegurado, pois em meu caso nesta viagem, um funcionário da companhia que viajou comigo disse que deixaria o hotel e todas as despesas pagas antes de retornar  e não o fez, ele retornava ao Brasil ante que eu e quando chegou um dia antes da minha saida do hotel, recebi a conta por baixo da porta, foi um susto.

Minha querida companheira de viagem Cristal Velloso também já havia retornado ao Brasil,
Uma semana antes do treinamento, estivemos juntos acompanhando um evento Yamaha, era um concurso de trompetistas e já não tinha sua maravilhosa companhia, tão pouco  eu poderia contar com sua experiência em viagens porque Cristal necessitou ir a outro evento no Canadá e estava incomunicável neste momento, então fiquei realmente sozinho durante a semana do treinamento.


Meu dinheiro práticamente já havia acabado me sobrando pucos dolares no bolso, se pagasse as despesas do hotel com eles o cambio que me ofereciam não era suficiente para cobrir o total de gastos, então tive a ajuda de Juan Gonzalo para sair buscando casas de cambio que pudessem comprar os dolares em um valor mais alto que me ajudasse a pagar a conta,

Meus cartões de crédito não passavam nos caixas 24hs porque neste momento eu não sabia que teria de liberar junto ao banco antes da viagem e foi um susto terrível.

Para piorar, após pagar a conta ao ser levado ao aeroporto por um dos técnicos  que gentilmente se ofereceu porque sabia que eu já não tinha dinheiro, durante o trajeto eu sentia como se estivesse esquecendo algo para trás e fazia mentalmente o chek list de tudo várias vezes,

Quando chegamos ao aeroporto e ele parou o carro eu lembrei, havia esquecido minha camara filmadora que meses antes eu comprei na Espanha, ela valia uma fortuna, era o melhor modelo que estava disponível na loja quando compre e ai sim vi a coisa ficar preta.

Já estava com o horário apertado e o técnico não poderia voltar comigo outra vez ao aeroporto, então tive que retornar com ele o largo caminho até o hotel na esperança de resgatar minha maaravilhosa camera que eu esqueci guardada no cofre do quarto.

Assim o fiz e ali estava a camera, porém o dinheiro era pouco para regressar ao aeroporto, então tive que falar com vários taxistas para que um deles aceitasse me levar com o pouco dinheiro que me sobrava.

Felizmente cheguei a tempo de pegar o Vôo que devido ao mau tempo acabou atrasando sua saida,  para completar, meu nome foi anunciado no sistema de som do aeroporto, eu me dirigi ao balcão de informações e um policial da guarda nacional me esperava com um cão que tinha quase meu tamanho.

Me perguntou o que eu levava na minha mala e eu somente lembrava das roupas, havia esquecido dos pacotes de café quetinha comprado ali por saber que os cafés de Manizales são considerados os melhores cafés do mundo.

Imaginema situação, um brasileiro com uma mala cheia de pacotes suspeitos e dizendo que somente levava roupas, enfim, abriram minha mala, o cachorro cheirou minha roupa suja de duas semanas e os cafés que eu levava, expliquei meu lápso de memória ao policial e o mais difícil foi fechar a mala outra vez, eu havia sentado sobre a mala várias vezes no hotel para poder fecha-la, estava litaralmente abarrotada.

Assustado e com literalmente apenas um dolar no bolso, peguei o vôo para Bogotá onde passei 5 horas esperando o vôo de conexão para São Paulo, neste momento já completavam mais de 11 horas que não comia e nem bebia, o desespero da fome já batia à porta.

Então pude embarcar e na hora do jantar comi como nunca e com tanto gosto a comida servida no avião,  a pobre da aeromoça teve de  trazer uns 15 copos de água tamanha minha sede.

Assim chegava finalmente em São Paulo onde pude comer um delicioso Mac Donalds, matar a fome e respirar aliviado por saber que ali eu poderia pagar a conta.

Hoje quando viajo, saio com tudo organizado, dinheiro, cartão de crédito, destinos confirmados e pagos para não passar sufocos, ainda que tive outros que contarei em breve, mas este foi uma das mais emocionantes e assustadoras viagens que já fiz.